Devido a alta incidência anual de câncer colorretal, o
rastreamento é indicado para indivíduos com risco moderado a partir dos 50 anos
de idade e o método e periodicidade do exame dependem da disponibilidade e
resultado dos achados em cada exame. O objetivo do rastreamento é a
identificação precoce de adenomas avançados, que são precursores do câncer
colorretal.
O tamanho do adenoma se correlaciona com a probabilidade de
neoplasia, sendo classificados em diminutos (1-5mm), pequenos (6-9mm) e grandes
(≥ 10mm). Adenomas avançados são aqueles com ≥ 10mm (adenomas grandes) ou <
10mm associados a ≥ 25% de características vilosas, displasia de alto grau ou
carcinoma (definição histopatológica).
Fatores de risco: idade avançada (> 50 anos),
história familiar de câncer colorretal, tabagismo, uso álcool, obesidade (IMC ≥
30 kg/m²), ingesta excessiva de carne vermelha, detecção de pólipos em exames
prévios
Fatores protetores: consumo de frutas e vegetais,
prática regular de atividade física, reposição hormonal, uso de AINE (mínimo de
2 vezes/semana durante 1 ano), exame prévio sem alterações
AAS como fator protetor: efeito demonstrado com o uso
a longo prazo por inibir a ciclooxigenase-2 e induzir efeito apoptótico em
tecidos adenomatosos. O uso é recomendado em dose baixa (81mg/dia) em pacientes
com expectativa de vida > 10 anos, dispostos a ingerir um comprimido diário
e sem risco para sangramento – recomendação classe B para indivíduos entre
50-59 anos e classe C para indivíduos entre 60-69 anos (publicação de 2015 pela
U.S Preventive Services Task Force reconhecida pela American Cancer Society)
Contra indicações ao rastreamento: indivíduos > 75
anos de idade com comorbidade com expectativa de vida < 10 anos ou
indivíduos > 85 anos ou em qualquer situação em que o risco exceda o
benefício do exame
Rastreamento: Para o rastreamento, exames que possuem
a maior acurácia para detecção de adenomas avançados são preferíveis e devem
visualizar todas as partes do colon. Indivíduos com risco aumentado para
neoplasia colorretal (história familiar, síndrome genética, doença inflamatória
intestinal) devem iniciar o rastreamento em idade mais precoce e com menores
intervalos.
- Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSO): recurso mais
utilizado mundialmente, sendo complementado pela colonoscopia nos casos com
resultado positivo. Há dois métodos para detecção de sangue nas fezes: o exame
imunoquímico, que é específico para hemoglobina humana e não sofre
interferência da dieta e o exame tradicional (teste de guaiaco). O custo mais
elevado desse método é compensado pelo fato deste apresentar menor número de
resultados falsopositivos, que demandarão outros procedimentos invasivos e de
alto custo. Há um terceiro método que avalia o DNA fecal, mas não é amplamente
validado pela dificuldade de realização e custo elevado. Intervalo: anual
- Enema baritado: exame todo o colon, com poucas
complicações, mas sensibilidade menos. Intervalo: 5 anos.
- Retossigmoidoscopia: permite localizar lesões que envolvem
somente o reto e o colón descendente e necessita de menor preparo de colon.
Intervalo: 5 anos, associado a PSO anual.
- Colonoscopia: método invasivo, que requer sedação e
apresenta custo elevado, mas apresenta a vantagem de permitir a visualização de
todo o intestino grosso e a remoção das lesões consideradas suspeitas. É o
exame utilizado para acompanhamento dos casos positivos de PSO. Intervalo: 10
anos.
- CT Colonografia (colonoscopia virtual): também exige o
preparo intestinal para ser realizado, mas dispensa a sedação. Com custo
elevado, não remove as lesões suspeitas detectadas, necessitando a
complementação da colonoscopia. Intervalo: 5 anos.
Rastreamento positivo: em
caso de achado positivo nos exames, o mesmo deverá ser repetido de acordo com o
achado, sendo subentendido que as lesões foram retiradas
Fonte: Artigo "Colorectal Adenomas" - Williamson B. Strum, M.D. N Engl J Med 2016;374:1065-75
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