Introdução
Este artigo de 2013 do Gastroenterology (artigo original) propõe estabelecer
um conceito novo de agudização de hepatopatia crônica: a chamada Disfunção Hepática Aguda em Hepatopatas (DHAH). Além disso, propõe-se a comparar a mortalidade entre
aqueles hepatopatas que apresentarem apenas uma Descompensação Aguda (DA
– ascite, PBE, HDA, Encefalopatia, por exemplo) sem disfunção orgânica, daqueles com disfunções orgânicas presentes.
Definir e melhor estadiar os hepatopatas em descompesação
é de grande importância porque permite a identificação precoce de pacientes em alto
risco para desenvolver disfunções orgânicas, e consequentemente que teriam pior
prognostico (mortalidade) , exigindo tratamentos específicos e / ou manejo
intensivo.
Métodos
Foram coletados dados de 1.343 pacientes hospitalizados com cirrose e em Descompensação Aguda (podendo ser a
primeira descompensação ou não) de Fevereiro a Setembro de 2011 em 29 unidades
dedicadas ao tratamento de hepatopatias em 8 países Europeus.
Foram utilizados os dados de disfunção orgânica para definir os tipos de DHAH, avaliar a mortalidade e
identificar diferenças entre DHAH e DA simples. Estabeleceram-se critérios
diagnósticos para DHAH com base em
análises de pacientes com falência de órgãos (definida pelo CLIF-SOFA score)
CLIF - SOFA score
As Áreas
Em azul representam os parâmetros que foram considerados como critério
diagnostico para disfunção orgânica.
Quatro categorias de DHAH foram identificadas:
- DHAH 1: Pacientes de qualquer um dos três subgrupos: (1) com disfunção renal exclusiva, (2) pacientes com: disfunção hepática , ou distúrbio de coagulação, ou distúrbio de circulação, ou distúrbio respiratório, associado à um nível de creatinina sérica entre 1,5-1,9mg dl / ou leve a moderada encefalopatia hepática, e (3) pacientes com disfunção cerebral exclusiva que tivessem um nível de creatinina sérica entre 1,5 e 1,9 mg / dL.
- DHAH -2: 2 falencias orgânicas
- DHAH -3: 3 falencias orgânicas
- Sem DHAH: Pacientes de qualquer um dos três subgrupos: (1) Sem nenhuma disfunção orgânica, (2) paciente com qualquer disfunção orgânica menos renal associado à Creatinina < 1.5 e sem Encefalopatia hepática e (3), pacientes com encefalopatia e Cr< 1.5
Esses grupos foram comparados quanto à mortalidade em 28 e 90 dias:
- DHAH 1: 22,1% e 40.7 % respectivamente
- DHAH 2: 32% e 52.3% respectivamente
- DHAH 3: 76.7% e 79.1% respectivamente
- Sem DHAH: 4.7% e 14% respectivamente
Resultados e conclusões
- Dos pacientes avaliados, 303 tiveram DHAH quando o estudo começou, 112 desenvolveram DHAH, e 928 não tinham DHAH. A taxa de mortalidade de 28 dias entre os pacientes que tiveram DHAH quando o estudo começou foi de 33,9%, entre aqueles que desenvolveram DHAH foi de 29,7%, e entre aqueles que não têm DHAH foi de 1,9%.
- Pacientes com DHAH eram mais jovens e com mais frequência alcoólica, tinha mais associada infecções bacterianas, e tiveram maior os números de leucócitos e níveis plasmáticos mais elevados de PCR do que pacientes sem DHAH (P 0,001).
- O CLIF SOFA score e a contagem de leucócitos foram preditores independentes de mortalidade em pacientes com DHAH.
- A prevalência de DHAH em pacientes com DA é de 30%;que está associada com uma taxa de mortalidade a curto prazo 15 vezes maior do que em pacientes com DA por si só.
- Fato interessante foi que em pacientes sem a prévia história de Descompensação Aguda (nunca tiveram ascite/ PBE/Encefalopatia), DHAH foi inesperadamente caracterizado por uma maior número de falências orgânicas, maior contagem de leucócitos e maior mortalidade em comparação com DHAH em pacientes com história prévia de AD
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