sexta-feira, 1 de abril de 2016

Sepse e Choque Séptico

JAMA - The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3)
February 23, 2016

Em fevereiro desse ano foi publicado o Terceiro Consenso Internacional de Sepse - Sepsis-3 (tradução livre). A despeito das polêmicas que gerou (com direito a carta-resposta do ILAS - Instituto Latino Americano da Sepse - link no final desta publicação), consideramos interessante falarmos um pouco sobre o que essa publicação traz de novo.

1. Os Autores
As novas diretrizes são pautadas na opinião de uma força-tarefa composta por 19 especialistas Europeus e Norte-Americanos, embasada em estudo retrospectivo conduzido por essa força-tarefa.

2. Conceituando Sepse
Sepse passa a ser conceituada como síndrome que se caracteriza por disfunção orgânica ameaçadora à vida, causada por uma resposta inflamatória desregulada (tradução livre). Vale lembrar que dentro desta nova definição, o conceito de Sepse Grave torna-se redundante e, portanto, sai de cena.

3. Definições Operacionais
Na prática, a força-tarefa propõe o uso de duas ferramentas para definir duas situações clínicas, a saber: pacientes com risco de evolução desfavorável (qSOFA - quickSOFA) e pacientes com Sepse propriamente dita (SOFA - Sequential Organ Failure Assessment).

4. qSOFA
O qSOFA é uma ferramenta que contempla achados de exame físico e prediz quais os pacientes com maior chance de evoluir de forma desfavorável (internação prolongada em UTI e óbito). Três variáveis são avaliadas, a saber: 

Frequência Respiratória:  ≥ 22/min
Alteração do Estado Mental (ECG <15)
Pressão Arterial Sistólica ≤ 100 mmHg

A presença de pelo menos 2 dos 3 critérios representa um qSOFA positivo para evolução desfavorável.

5. SOFA
O SOFA, escore utilizado rotineiramente na prática em Terapia Intensiva, aparece nessa publicação como uma forma concreta de diagnosticarmos Sepse. Os autores propõem considerarmos o diagnóstico se o indivíduo apresentar uma variação de SOFA ≥ 2 pontos do SOFA de base (considerado zero se o paciente não tiver histórico de disfunções orgânicas, agudas ou crônicas, secundárias a outras causas). Esse achado prediz mortalidade em torno de 10%.


6. Choque Séptico
O novo consenso também traz um novo conceito de choque séptico, anteriormente definido como paciente séptico com hipotensão refratária a volume. A nova proposta de definição para essa entidade nosológica seria: 

paciente em vigência de sepse apresentando

necessidade de vasopressor para manter PAM ≥ 65 mmHg
E
medida de lactato sérico >  2 mmol/L (18 mg/dL)

na ausência de hipovolemia OU a despeito de adequada ressucitação volêmica inicial


7. Considerações Finais
Se esses novos conceitos são adequados ou não à prática, apenas o tempo e mais estudos irão dizer. Entretanto, não deixa de ser uma forma interessante de abordarmos um paciente com suspeita de Sepse. 

Para ler o artigo na íntegra: Sepsis-3 JAMA

Para ler a carta-resposta do ILAS: Sepsis-3 ILAS




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